Reprodução/ instagram itaú

Um ex-funcionário do Banco Itaú, que preferiu não se identificar, relatou sua experiência após ser desligado da empresa. Marcos (nome fictício) trabalhou por dez anos na instituição, atuando na área de tecnologia, e foi demitido sob a justificativa de “baixa produtividade no home office”.

Apesar disso, ele afirma que chegava a trabalhar até de madrugada. Durante sua trajetória, havia recebido promoções e prêmios de desempenho, mas, pouco antes da demissão, já tinha presenciado a saída de um colega e, logo depois, foi chamado ao escritório e dispensado.

Segundo Marcos, o motivo oficial apresentado pelo supervisor foi “baixa produtividade no home office, atrelada ao tempo de tela”. “Já trabalhei finais de semana, mais de sete dias seguidos nos últimos seis meses. Mesmo assim, disseram que eu tinha baixa produtividade”, contou em entrevista ao g1.

Após tomar conhecimento do desligamento, Marcos buscou apoio no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Em nota, o Itaú declarou: “Em alguns casos, foram identificados padrões incompatíveis com nossos princípios de confiança, que são inegociáveis para o banco”.

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O banco já havia informado, em outras ocasiões, que o modelo híbrido adotado desde 2022 oferece mais autonomia aos funcionários, mas também exige maior controle da jornada de trabalho. Segundo Marcos, nunca ficou claro como era feito o monitoramento. “A gente suspeitava, porque existem vários controles nos nossos computadores. Mas não sabíamos que acompanhavam cliques, alt+tab, scroll, tempo em reunião, coisas assim”.

Ele relatou ainda que, em diversas ocasiões, almoçou na frente do computador para não interromper tarefas. “Mesmo assim, isso não foi visto”, disse. O ex-funcionário também reclamou da falta de transparência sobre os critérios de avaliação. “Eu não posso nem provar, porque nunca vi minha porcentagem de tempo trabalhado. Ouvi falar que era 80% fora da máquina. Mas eu sempre fiz minhas oito horas. Não vimos a plataforma, não sabemos como funciona. Então ficamos apenas na suspeita, querendo entender por que essas pessoas foram escolhidas”.

Para Marcos, os cortes foram feitos de forma abrupta. “Não houve feedback, não foi conversado nada. Rodou um facão e quem estava no caminho foi cortado”.

Em nota ao BNews, o Itaú informou que atualmente 60% do quadro de colaboradores atua em formato híbrido ou totalmente remoto e reforçou o compromisso da instituição com o modelo de trabalho à distância.

O banco destacou que “acompanha os debates globais sobre o futuro do home office e, em conformidade com a legislação vigente, realiza o monitoramento do uso de equipamentos corporativos e programas licenciados. Esse acompanhamento, segundo o Itaú, é previsto em políticas internas assinadas pelos funcionários e acordado com os sindicatos, sendo fundamental para garantir a efetividade do regime remoto”.

A instituição ainda ressaltou que a média de atividade digital dos colaboradores é superior à daqueles que foram desligados. “Um exemplo real é de uma área com 316 analistas, em cargos equivalentes, que registraram média de atividade digital de 72%. Já os colaboradores demitidos apresentaram índices entre 27% e 37% ao longo de quatro meses, mesmo com uso de horas extras. Em outra equipe, formada por 30 analistas, a média foi de 75%, enquanto o funcionário desligado registrou 39%, também com horas extras”, informou o banco.

Desde 2022, quando o Itaú Unibanco relançou seus pilares de cultura organizacional, a Cultura Itubers, o banco se desafiou a fazer as coisas de forma diferente. Atento ao novo cenário pós-pandemia, adotou um modelo flexível de trabalho. Hoje, 60% do quadro de colaboradores trabalha em formato híbrido ou totalmente remoto. A premissa do novo modelo é conferir autonomia às equipes, o que exige uma confiança ampliada nos colaboradores, mas implica uma maior responsabilização pelas atitudes e escolhas individuais. O Itaú vem acompanhando os debates globais sobre a perenidade do home office ao longo dos anos e, aderente à legislação vigente, monitora o uso de seus equipamentos corporativos e programas licenciados.

Esse monitoramento, expressamente previsto em políticas internas assinadas por seus colaboradores 1 e acordado com os sindicatos, controla eletronicamente a jornada de trabalho no home office e é essencial para garantir sua efetividade. Ao longo de quatro meses de análises e debates profundos, que mediram a atividade em softwares corporativos em comparação com a jornada de trabalho formalizada em home-office e o acúmulo de horas extras, o Itaú identificou uma minoria de colaboradores em jornadas de trabalho remoto com baixos níveis de atividade digital, sendo esse um padrão de comportamento e não situações pontuais.

Alguns desses casos, os mais críticos, chegaram a patamares de 20% de atividade digital no dia – de forma sistemática, ao longo de quatro meses – e ainda assim registraram horas extras naqueles mesmos dias, sem que houvesse causa que justificasse. Um exemplo real é de uma área com 316 analistas, de cargos equiparáveis e com média de atividade digital de 72%, enquanto colaboradores desligados apresentavam entre 27 e 37% de atividade digital em quatro meses, além do uso de horas extras. Em outra estrutura, com 30 analistas com média de atividade digital de 75%, o colaborador desligado apresentou 39% de atividade, também com horas extras registradas.

A média geral de atividade digital do banco em home office é de cerca de 75%, patamar que a instituição entende como adequado, considerando sazonalidades, horas de intervalo e descanso. Assim, os casos identificados denotam desvio do padrão de comportamento em relação à maioria dos colaboradores em regime híbrido, o que resulta em quebra de confiança. É por esse motivo que foram desligados alguns colaboradores com boa avaliação de performance. Para o Itaú, essa decisão faz parte de um processo de gestão responsável e tem como objetivo preservar nossa cultura e a relação de confiança construída com clientes, colaboradores e a sociedade.

É fundamental ressaltar que o monitoramento adotado pelo Itaú não considera exclusivamente o uso de mouse ou teclado como métricas de aderência digital e respeita diretrizes previstas na LGPD, ao não realizar captura de telas, áudios ou vídeos. O programa utilizado provê indicadores robustos da atividade digital real dos mais diversos softwares licenciados para uso corporativo, inclusive chamadas em vídeo, mensageria, cursos à distância, pacote Office, dentre outros. As métricas de atividade digital consideraram 1 hora e 45 minutos de pausas diárias, além do almoço, e foram complementados por análises individualizadas, como necessidades específicas do colaborador, ausência por temas pessoais ou familiares, saúde, viagens a trabalho ou eventos externos etc.

O processo, como um todo, foi rigorosamente auditado pela Diretoria de Auditoria do Itaú. Por fim, o Itaú reforça que as medidas adotadas aprimoram o trabalho híbrido e flexível, ao dar luz à importância da autonomia responsável. Os desligamentos não têm o objetivo de redução de quadro, portanto, as contratações no banco continuam e as reposições dessas vagas serão discutidas caso a caso e dentro do cenário de cada área.

Adendo:

  1. O monitoramento das atividades digitais dos colaboradores do Itaú Unibanco está
    respaldado por suas diversas políticas internas e assinadas por seus colaboradores
    não apenas em seus contratos de trabalho, como também na retirada de
    equipamentos corporativos, além de termos explicitamente assinados, como:
    Política de Monitoração de Segurança no Uso de Recursos Eletrônicos, Política de
    Privacidade e Proteção de Dados para Colaboradores; Política Corporativa de
    Segurança da Informação e Cyber Security; Política Corporativa de Prevenção à
    Corrupção; Política Corporativa de Prevenção a Atos Ilícitos, Política de Orientação
    e Aplicação de Medidas Disciplinares, dentre outros

Fonte: Bnews

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